quinta-feira, 26 de março de 2009

BOLETIM INFORMATIVO 25ª FEIRA DE TROCAS SOLIDÁRIAS

Na sua 25ª edição, a Feira de Trocas do Centro de São Paulo foi realizada no dia 21 de março de 2009 na Associação Minha Rua Minha Casa com um saldo muito positivo para a disseminação e a prática de uma economia baseada na solidariedade, na democracia a na auto-gestão.
Sendo as Feiras de Trocas realizadas pela ITCP-FGV um Mercado Escola, mais uma vez cerca de 20 empreendimentos da economia solidária tiveram a oportunidade de colocar em prática o que muitas pessoas só vêem nos livros. Nas Feiras são criadas oportunidades para que o empreendimento possa se relacionar com o público, entender melhor a dinâmica do comércio, escoar sua produção e ter a segurança de fazer parte de um grande aprendizado, visando adquirir experiência suficiente para entrar no comércio aberto com dignidade e respeito.
Durante todo o sábado 507 pessoas circularam na feira, sendo que 50 pessoas são Associados e participantes frequentes da AMRMC, 75 Visitantes, empreendedores, educadores, estudantes e 382 pessoas em situação de rua. Todas trocaram seus produtos, serviços, saberes, experiências, afetos e amizade, fortalecendo os elos e laços de união cultivando os princípios e valores da solidariedade!!! Mais uma vez a Economia Solidária afirmou ser uma proposta de mercado diferente, tendo como principal objetivo a valorização do ser humano.

Atividades Culturais


As atividades culturais na Feira de Trocas Solidárias do Centro estão ficando cada vez melhores.
Sendo esta Feira frequentada principalmente por moradores de rua e albergues, as atividades culturais são muito importantes para ajudar na formação de um espaço lúdico onde as pessoas se sintam a vontade para criar e entreter uma relação aberta e prazerosa com a arte e a cultura, servindo de apoio para a educação e conscientização de que a vida é muito mais do que apenas pedir esmolas, mendigar ou usar drogas.
Nesta edição a Feira contou com diversas atividades culturais, sendo elas:

Capoeira do Povo da Rua


Formado por moradores de rua (Fabiano, André, Gerson, Jean, Robson, Marcelo, José, Miguel, David, Daniel, Liane, Wilian, Adriana, Nelson, Warleydi.) o grupo de capoeira se apresentou na Feira, mostrando que ginga e batuque não tem classe social e com muito empenho foi uma das atrações na Feira.

Contação Dançante - Dinâmica musical e Histórias reflexivas

Com a presença da Musicoterapeuta e Arte-educadora Isabel Dreyfuss e da Atriz e Contadora de Histórias Renata Fontes, criadoras dessa atividade, a Feira de Trocas do Centro teve momentos de muita alegria e participação dos visitantes na atividade “ Contação dançante”.
O objetivo da proposta era abordar o Tema da FTS desse mês, o Feminino (devido ao dia internacional da Mulher), sensibilizando para a percepção dos atributos femininos que estão gravados no arquétipo da humanidade, e buscando também despertar o espírito do coletivo, o valor da palavra e a importância da receptividade com relação ao outro.
A atividade envolveu contação de histórias, danças e ciranda com a participação dos visitantes, houve trocas também nessa atividade, mas essa foi um pouco diferente, desta vez os participantes trocaram elogios e abraços entre si e com isso mais uma vez a Feira de Trocas Solidárias do Centro, teve a oportunidade através da educação e da sensibilização, de mostrar para seu público que além de todos os problemas existentes, existe um lugar bem mais alegre e tranquilo, que é os nossos corações.

Samba com batuque de rua

Para não dizer que não teve um bom e velho samba, o grupo Batuque de Rua formado por moradores de rua fez a Feira chacoalhar mais um pouco e como bons brasileiros que somos, não faltou pique e alegria para ajudar a rapaziada.
A música além de entreter e divertir as pessoas, tem um fator terapêutico muito importante para quem ouvi e para quem produz. Ajudando na concentração, na velocidade de processar informações e estimulando o uso da memória nas pessoas.

Falando com o Empreendimento

Na edição desta Feira, conversamos um pouco com a Arlete Maria Silva de 38 anos, membra fundadora do Empreendimento Beleza Artesanal que produz artesanatos diversos, como bjouterias, acessórios femininos, enfeites e sabontes aromatizados.
Arlete conheceu o projeto da ITCP-FGV há dois anos atrás e observou ser um projeto para pessoas empreendedoras e não algo onde as pessoas se apoiam para receber uma ajuda. Há seis meses, o Empreendimento Beleza Artesanal começou suas atividades e há 1 mês iniciou sua participação na Feira de Trocas Solidárias da Rede do Centro de São Paulo com o intuíto de poder crescer e tornar o Empreendimento sua fonte de renda e dos outros membros que fazem parte do empreendimento, hoje eles são em 4 pessoas.

“ Entrar no mercado é fácil, mas permanecer e crescer que é difícil. Por isso esse apoio da Economia Solidária e da Incubadora da FGV estão sendo fundamentais para começarmos a andar e realizar nosso sonho”. ( Arlete Maria Silva, 38 )
Sendo a Economia Solidária uma economia inclusiva, a oportunidade é dada para todos aqueles que querem crescer tanto no seu lado profissional como no seu lado pessoal. Sendo as Feiras de Trocas um espaço de oportunidade, esperamos assim como a Arlete que esse mercado se fortaleça a cada dia, possibilitando que todos tenham acesso à uma vida mais digna e prazerosa, que é direito de todos.

Mais um gol da Economia Solidária

Ex-morador de Rua, atualmente morando no Albergue Arsenal da Esperança, Abraão Moura dos Santos de 27 anos conversou um pouco com a equipe de comunicação da ITCP-FGV e contou como sua vida já mudou com a ajuda da Associação Minha Rua Minha Casa.
Na época em que morava nas ruas de São Paulo, Abraão não tinha nenhuma atividade, usava drogas e não tinha nenhuma perspectiva de vida.
Com a ajuda da Associação Minha Rua Minha Casa, Abraão conseguiu uma vaga no Albergue Arsenal da Esperança, onde tem condições humanas para dormir, tomar banho e fazer refeições. Com essa ajuda, ele se sentiu mais protegido, de um mundo que até então se mostrava selvagem. Abraão passou a se interessar mais ela vida, vendo que estava se abrindo outras portas diferentes das que ele já conhecia e que agora poderia caminhar.
Abraão está na lista de espera para ingressar nos estudos, no Albergue que ele frequenta, ele toma banho todos os dias e se veste dignamente com a ajuda da Associação Minha Rua Minha Casa que lhe fornece um Kit higiene e com o bazar de roupas masculinas que acontece nos dias das Feiras de Trocas ele consegue adquirir roupas para se vestir.
Com todas essas oportunidades que antes ele não tinha, Abraão começou a trabalhar nas Feiras de Trocas realizadas no Centro, ajudando a colocar preços nas roupas que são adquiridas no lastro e posteriormente vão para o bazar para serem comercializadas por moedas socias e também ajuda na montagem e desmontagem da feira. Com isso ele consegue uma remuneração em moedas sociais e nos dias que acontecem as feiras, Abraão através de seu p
róprio trabalho, consegue ter poder de compra e não mais precisa pedir esmolas. Nas feiras ele tem oportunidade de comer, comprar livros, roupas, acessórios e também brincar um pouco. Neste dia, Abraão entrou na roda de capoeira e suou mais um pouco, desta vez, se divertindo. Com essa mudança em sua vida, Abraão está se sentindo mais feliz e começou a pensar em arrumar um emprego para ter uma vida digna e colocar em prática aquilo que todos ser humano sabe fazer, se relacionar.
“ Hoje estou feliz, tenho amigos que me ajudam. Meus amigos são a Associação Minha Rua Minha Casa e o Albergue Arsenal da Esperança, pois eles não me dão esmolas e sim me ajudam a crescer”. ( Abraão Moura dos Santos, 27 anos )

Acolhendo os visitantes

Com o intuíto de difundir a proposta das Feiras de Trocas Solidárias e fomentar as bases por quais a economia solidária vêm se fortalecendo, o representante do Clube de Trocas de São Paulo, Carlos Henrique de Castro, trabalhou nesta edição da Feira de Trocas do Centro de São Paulo como voluntário ensinando e exemplificando como funciona o sistema de trocas nas feiras, bem como a utilização das moedas socias e para o que elas servem e qual o seu objetivo. Com isso, Carlos contribuiu com o acolhimento de muitos visitantes que compareceram na Feira, tornando a visita destes mais prazerosa e facilitando a integração de novas pessoas que querem conhecer essa nova forma de se relacionar com a economia. Com atividades como estas, as Feiras de Trocas realizadas pela ITCP-FGV buscam além de contribuir com os empreendimentos criando um espaço de comercialização e trocas, também tem o objetivo de fomentar a educação e a inclusão de novas pessoas contribuindo assim para a expansão dessas atividades.

O que são moedas sociais?

A moeda social surge na economia solidária como alternativa ao escambo, e possui características próprias. A moeda social é considerada um instrumento de desenvolvimento local, destinada a beneficiar o mercado de trabalho dos grupos que participam da economia da localidade. Seu uso é restrito, e a sua circulação beneficia a redistribuição dos recursos na esfera da própria comunidade. O aumento da quantidade de moeda social corresponde ao aumento das transações realizadas pelos participantes da economia local.
Sua criação se inspira nos conceitos da economia solidária de articulação e trocas da economia, na produção e comercialização de produtos que vai além da lógica capitalista, por beneficiar a comunidade local e trazer desenvolvimento. A moeda social, por sua circulação restrita, auxilia a diminuir o poder centralizador da economia capitalista
globalizada, e promove a inclusão social.


Não deixe de partcipar das Feiras de Trocas Solidárias realizadas pela ITCP-FGV. Confira em nosso site http://www.itcpfgv.org.br/ as próximas datas e seja parte dessa mais nova forma de se relacionar com a economia.

PARTICIPE DA PRÓXIMA FEIRA DE TROCAS SOLIDÁRIAS
DO CENTRO DE SÃO PAULO
SÁBADO, DIA 18 DE ABRIL DE 2009, DAS 10:30 ÀS 15:30
RUA LUND 361, NOS BAIXOS DO VIADUTO DO GLICÉRIO
TRAVESSA DA AVENIDA CONSELHEIRO FURTADO E PARALELA À RUA DOS ESTUDANTES - INFORMAÇÕES NO
feiradetrocasolidaria@yahoo.com.br







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